domingo, 28 de agosto de 2011

A Educação Física Transpondo as Dificuldades de Aprendizagem na (da) Escola.


ESCOLA, DIFICULDADES E DISTURBIO

A escola não é apenas aquilo que a lei lhe impõe. Ela é muito mais o produto das práticas diárias de seus professores, alunos, funcionários e pais e das relações que estabelece com o todo social. É um ambiente de ações e reações, onde ocorre o saber, o saber-fazer e o ser. É constituída por características políticas, sociais, culturais e críticas. Ela é um sistema vivo, aberto. E como tal, deve ser considerada como em contínuo processo de desenvolvimento influenciando e sendo influenciada pelo ambiente, onde existe um feedback dinâmico e contínuo.
É neste ambiente de produções e produto que se insere o professor, o educador, não como um indivíduo superior, em hierarquia com o educando, como detentor do saber-fazer, mas como um igual, onde o relacionamento ente ambos concretiza o processo de ensinar-aprender. Pensar no educador como um ser humano é levar à sua formação o desafio de resgatar as dimensões cultural, política, social e pedagógica, isto é, resgatar os elementos cruciais para que se possa redimensionar suas ações no/para o mundo.
Sendo assim tem uma função de realizar mediação entre o conhecimento prévio dos alunos e o sistematizado, propiciando formas de acesso ao conhecimento científico. Porém todo aluno tem o seu ritmo na construção do conhecimento e muitas escolas acabam desrespeitando este ritmo, através de grandes exigências. Contudo o desempenho escolar pode ser influenciado tanto por problemas afetivos, psicomotores, cognitivos, como por problemas relacionados à escola.
É muito discutida a questão do papel do professor na educação em relação aos alunos que apresentam "dificuldades de aprendizagem".
Sabemos que os problemas de aprendizagem não podem ser resolvidos apenas com os educadores. A escola é construída com a participação da família e do estado(professores). Quando um desses atores deixa de cumprir o seu papel, compromete o trabalho do outro.
Nas literaturas sobre aprendizagem, muito se tem discutido sobre distúrbios versos dificuldade de aprendizagem, ficando claro que não são sinônimos, apesar da diferença ser muito sutil entre os termos.

Esses distúrbios e dificuldades abrangem vários fatores, uma vez que envolvem a complexidade do ser humano, afetando crianças, adolescentes e adultos.
Acredita-se que podem ser decorrentes de:
Um estresse grande vivido pela criança
Doenças
Falta de alimentação
Falta de estímulos
Baixa auto-estima
Problemas com alcoolismo ou drogas
Problema familiar
Problema escolar
Problemas patológicos
O distúrbio está relacionado a um grupo de dificuldades com maior comprometimento e está vinculado a questões neurológicas e orgânicas. Isso significa que essas dificuldades estão relacionadas na aquisição e no uso da fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas que se referem às disfunções no sistema nervoso central.
Os alunos portadores de distúrbio de aprendizagem não são incapazes de aprender, pois os distúrbios não é uma deficiência irreversível, mas uma forma de imaturidade que requer atenção e métodos de ensino apropriados.
Considera-se que um alunos que tenha distúrbio de aprendizagem quando:
a) Não apresenta um desempenho compatível com sua idade quando lhe são fornecidas experiências de aprendizagem apropriadas;
b) Apresenta discrepância entre seu desempenho e sua habilidade intelectual em uma ou mais das seguintes áreas; expressão oral e escrita, compreensão de ordens orais, habilidades de leitura/compreensão e cálculo/raciocínio matemático.
Além disso, costuma-se considerar quatro critérios adicionais no diagnóstico de distúrbios de aprendizagem. Para que o aluno possa ser incluído neste grupo, ele deverá:
a) Apresentar problemas de aprendizagem em uma ou mais áreas;
b) Apresentar uma discrepância significativa entre seu potencial e seu desempenho real;
c) Apresentar um desempenho irregular, isto é, o aluno tem desempenho satisfatório e insatisfatório alternadamente, no mesmo tipo de tarefa;
Principais distúrbios de aprendizagem: dislexia, disgrafia, discalculia, dislalia, etc.
Já a dificuldade de aprendizagem é um termo mais global e abrangente com causas relacionadas ao sujeito que aprende, aos conteúdos pedagógicos, ao professor, aos métodos de ensino, ao ambiente físico e social da escola. Ou seja, problemas que não estão apenas no aluno, mas que interferem na sua aprendizagem.
"As dificuldades de aprendizagem não são uma condição ou síndrome simples, nem decorrem apenas de uma única etiologia, trata-se de um conjunto de condições e de problemas heterogêneos e de uma diversidade de sintomas e de atributos que obviamente subentendem diversificadas e diferenciadas respostas clínico-educacionais" (PORTO, 2005, p. 59)
Não podemos também deixar de considerar que as dificuldades de aprendizagem muitas vezes podem ocorrer concomitantemente com outras situações desfavoráveis, como: alteração sensorial, retardo mental, distúrbio emocional, ou social, ou mesmo influências ambientais de qualquer natureza.
Portanto, é imprescindível a observação global de um aluno, para que seja possível levantar hipóteses sobre a origem de sua dificuldade antes de se categorizar como sendo de ordem patológica ou não.
Uma dificuldade não é uma doença e sim um desafio, que propõe à escola rever suas estratégias e ao professor rever suas concepções.
É importante ter conhecimento sobre este assunto, para que seja possível tornar o professor mais consciente do seu papel e da influência de sua concepção e postura frente ao tema. Esclarecê-lo que a dificuldade não é um distúrbio, portanto, pode ser trabalhada em sala de aula, que sua causa e aparecimento não são devidos unicamente ao aluno, à sua família ou de outra ordem, mas sim um conjunto de fatores, incluindo a prática pedagógica, metodologia e a relação professor/aluno. Não estando o problema apenas fora da escola, mas muitas vezes dentro dela.

Por: Vandeilson Cosme Gomes Barbosa