domingo, 9 de janeiro de 2011

Ataque o bullying


Aprenda a identificar e combata esta violência sofrida pelas crianças e jovens na escola.

66% dos alunos brasileiros cometeram ou sofreram bullying nos últimos seis meses.

Diversos fatores podem levar uma criança ou adolescente à depressão, um deles é o bullying, caracterizado por provocações e humilhações freqüentes por parte de um ou mais alunos direcionadas para um único aluno, geralmente o estudante mais vulnerável da classe, escolhido como o “joão bobo” de todos. O bullying tem tido destaque nas manchetes dos jornais de todo o mundo, em casos de jovens que se matam por causa das provações e humilhações ou até mesmo aqueles que antes de suicidarem matam quem os humilhou.

As brincadeiras de mau gosto fazem parte do dia-a-dia da maioria das escolas brasileiras, inclusive das de Salgueiro. Geralmente acontecem na hora do recreio ou mesmo dentro da sala de aula quando professor sai para entrar outro. Os provocadores utilizam como pretexto para tirar sarro dos mais fracos, o simples fato do colega de classe ser magrinho, gordinho, alto, baixo negro ou branco demais. Para os que humilham aquilo só significa uma brincadeira passageira, mas para os humilhados as marcas podem durar eternamente e resultar em suicídios.

Está na hora do bullying ser tratado pelas autoridades como um crime, com penas comunitárias para os menores de idade e detenção para os maiores de idade. Se isto persistir sendo ignorado, sem uma atitude eficaz, a sociedade pode ficar repleta de pessoas com medo de sair nas ruas ou com desejo incontido de se matar. Bullying não é brincadeira, denuncie.

Você já presenciou alguma cena de bullying. Rola quando uma pessoa zoa outra sem se importar com os sentimentos dela (e faz repetidas vezes!). E isso não acontece apenas na sua escola: 66% dos alunos brasileiros cometeram ou sofreram bullying nos últimos seis meses. Para entender o quanto esse comportamento faz mal, a gente ouviu os três lados de uma história que poderia ser a sua. Depois, vire a página para ver como encarar esse problema. As recomendações são do psicólogo Josafá Moreira da Cunha, da UFPR, que defendeu uma tese sobre o bullying feita em 2008.


Como é a vítima?


"Desde que a Cris** entrou no colégio, minha vida virou um inferno. Ela é a típica menina que faz sucesso só por causa da beleza e não liga nem um pouco para os sentimentos dos outros. Mesmo achando que seria impossível existir uma amizade entre a gente, tentei me aproximar, mas claro que o esforço foi em vão. A zoação começou por causa do meu cabelo, muito curto e armado. De início, eu não ligava, pensava que aquilo era apenas uma brincadeira, mas a coisa foi tomando um rumo totalmente insuportável. Primeiro, ela levou uma vassoura para a escola e apelidou o objeto com meu nome. Depois, ela fez um vodu meu e ficava mostrando para o menino do qual eu era a fim. Chegou uma hora em que não dava mais para suportar a situação. A coisa que eu mais queria na vida é sair da escola e nunca mais ter que olhar para cara da Cris. Confesso que, às vezes, tenho dó dela. Acho que daqui uns anos ela estará sozinha. Acredito que ela toma essas atitudes porque acha que se garante por ser bonita. O problema é que beleza não dura pra sempre. Humildade, sim!", Priscila**, 15 anos


Como é a agressora?


"A Priscila precisa crescer. Isso que ela tem é puro complexo! Nós brincamos com todo mundo e só ela pede para parar. Duvido que exista no mundo uma turma em que ninguém zoa ninguém. Sem contar que ela exagera. Nunca fiz com que ela passasse vergonha na frente dos outros. Tenho certeza absoluta disso. Tudo o que eu falo é sem maldade nenhuma. É verdade que, às vezes, pego um pouco pesado, como quando levei a vassoura pra aula ou fiquei falando pra todo mundo do menino superfeio que ela tinha beijado. Mas vai dizer que não é engraçado? Todo mundo sempre ri e a Priscila devia fazer o mesmo em vez de ficar triste e brava. No outro colégio em que eu estudava, era exatamente a mesma coisa. Só que ninguém ficava estressando, então o pessoal pegava bem menos no pé. Na verdade, acho que a Pri devia era me agradecer! Falar sempre dela é um jeito de deixá-la mais popular. Uma vez ela pediu para que eu me colocasse no lugar dela. Eu juro que não teria problema. Sou do tipo que prefere que falem mal, mas falem de mim.", Cris**, 15 anos


Como é a platéia?

"Eu nunca achei certo o que a Cris faz com a Priscila. Não entendo por que alguém sente prazer em humilhar os outros. Na maioria das vezes, a situação é tão chata, mas tão chata que chego a ter pena da menina. Já tive que consolá-la no meio da sala quando, após uma das brincadeiras, ela começou a chorar. Até pensei em falar com a Cris, dizer que aquilo é de muito mau gosto e não tem graça nenhuma, mas é óbvio que não farei isso. Eu sei que, se eu falar alguma coisa, a zoação vai se voltar contra mim. Então, não faço bullying, mas também não colaboro para ele acabar. Acredito que seja por isso que as pessoas dão risada: para que estejam dentro do grupo que zoa os outros. Já vi várias vezes as colegas que andam com a Priscila serem zoadas só por estarem ao lado dela. Assim, ela acaba ficando sozinha. Sinceramente, acho que a Cris faz isso por inveja. Tenho certeza de que ela gostaria de ser tão inteligente e interessante quanto a Pri. O problema é que, como ela é uma pessoa bonita por fora e feia por dentro, precisa apelar para chamar a atenção.", Sandra**, 16 anos


O que fazer para deixar de sofrer?

Assim como a Pri, a vítima é zoada por causa do seu comportamento ou por algo em sua aparência. Costuma ser uma pessoa com baixa autoestima. Mesmo que disfarce, parece ter escrito na testa: "Tirem sarro de mim. Não vou revidar!" A solução do problema começa na própria pessoa. Ela é zoada por que não é descolada? Está fora do padrão? É importante se questionar se tal "problema" a incomoda. Se perceber que não, a insegurança vai diminuir. Agora, se o motivo de ser zoada a irrita, deve encará-lo com a ajuda dos pais e até de psicólogos. Mudanças físicas - como operar orelhas de abano - são até mais simples de serem resolvidas. Mas, com empenho, rola vencer problemas como timidez e complexo de inferioridade. Na escola, a vítima deve procurar o coordenador e contar como se sente. Se quiser, pode chamar outra vítima de bullying para ir junto. Trata-se de um problema da escola e a solução jamais é expor a vítima.



O que fazer para impedir que role?

Quem está na plateia sabe de toda a história. Conhece a garota que sofre de bullying, a que apavora a outra e os motivos disso. Pode até dar risada da tiração de sarro. Mas, no fundo, tem dó da vítima porque se coloca no lugar dela. Só que morre de medo de ser a próxima a ter um alvo nas costas e, por isso, prefere não fazer nada. A atitude parece esperta! Só que as testemunhas têm um papel decisivo para que a zoação maldosa não aconteça mais na escola. Justamente por ser a pessoa menos envolvida, é ela que deveria ter mais coragem de dizer a uma pessoa que comete bullying o quanto ela é mala e dar um chega pra lá para que ela pare. Acredite: ao atirar a primeira pedra, quem faz parte da plateia vai ganhar a simpatia de um monte de gente, que estará ao lado dela caso passe a ser a vítima de bullying. Anonimamente, também vale denunciar o que rola para um coordenador ou professor (e cobrar que uma atitude seja tomada!).


Referências: www.educarparacrescer.com.br e www.alvinhopatriota.com.br

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