quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Motivação e Prática da Educação Física


Na relação ensino-aprendizagem, em qualquer ambiente, conteúdo ou momento, a motivação para esta tarefa constitui-se um dos elementos centrais para sua execução bem sucedida.

Constantemente, indaga-se o que uma pessoa pretende, o que influencia sua decisão, o que será importante para ela naquele momento, naquela circunstância.
Vários fatores motivam o ser humano, em seu dia-a-dia, tanto de forma interna como de forma externa. A força de cada motivo e seus padrões ocorrem, influenciam e são inferenciados pela maneira de perceber o mundo que cada indivíduo possui.
Um dos principais fatores que interferem no comportamento de uma pessoa é, indubitavelmente, a motivação, que influi, com muita propriedade, em todos os tipos de comportamentos, permitindo um maior envolvimento ou uma simples participação em atividades que se relacionem com: aprendizagem, desempenho e atenção.
No tocante à Educação Física, a situação parece semelhante, pois pode-se dizer que depende muito das aspirações dos alunos para que um determinado elemento motivacional tenha uma função positiva, ou seja, um aluno pode se sentir mais motivado ao praticar basquetebol, e outro pode sentir o mesmo com relação ao voleibol.
Cabe também, uma observação ao educador, em qualquer que seja sua feição (técnico, professor, instrutor, dirigente, familiar, ...) sua personalidade, sua aparência, naturalidade, dinamismo, entusiasmo pelo trabalho, bom humor, cordialidade, disposição são importantes fatores motivacionais observados por quem os cerca.
MACHADO (1995) cita que muitos são os motivos responsáveis pelo bom desenvolvimento e desempenho na aquisição e manutenção de habilidades. Existem vários tipos de atividades e nem todas envolvem o movimento muscular (ouvir uma aula teórica é uma atividade diferente de participar de um debate, jogar futebol ou dramatizar um texto).
Geralmente as atividades que requerem maior participação, com mais movimentos, concentram maior número de motivos dos participantes, despertando maior interesse e desafio, o que por si só é estimulante e motivador.
Uma preparação psicológica bem programada e bem administrada em atividades de rotina, conseguirá trabalhar o nível motivacional, a aquisição de maior confiança, o equilíbrio emocional e, o indivíduo munido dessas qualidades poderá transpor as demais barreiras de desempenho, como os problemas com: adversários, ambiente, arbitragem, integração com o grupo, personalidade e preparo físico.
Para MAGGIL (1984) a motivação é importante para a compreensão da aprendizagem e do desempenho de habilidades motoras, pois tem um papel importante na iniciação, manutenção e intensidade do comportamento. Sem a presença da motivação, os alunos em aulas de Educação Física, não exercerão as atividades ou então, farão mal o que for proposto.
O professor de educação Física deseja "motivar" seus alunos para o esporte, e quando leva isto a sério, procura direcionar seus alunos para a prática de maneira que venham a praticá-la também fora das aulas obrigatórias. Também é preciso considerar que entre os objetivos relevantes do ensino moderno desta disciplina, está o preceito da Educação Física Permanente, isto é, como promoção e motivação da prática dos esportes para o resto da vida. Segundo COSTA (1989) o interesse na atividade esportiva não deve acabar com término do período escolar, com acontece, ainda hoje, com muitos adolescentes. Ao contrário, o esporte deve constituir um campo de ação e de vivência interessante e atraente para o homem. A isto se pode acrescentar que o esporte não deve ser uma prática por mera obrigação, mas sim que tenha características prazerosas.
É função do professor de Educação Física, quando deseja motivar seus alunos para a prática permanente dos esportes, observar os seus objetivos, fazer o possível para criar valores de estímulos positivos e atraentes ao maior número de participantes ou até para todos os alunos.
A motivação no esporte depende da estrutura da personalidade do atleta, sobretudo de como e em que medida se convertem algumas necessidades esportivas relevantes em alguma característica da estrutura deste indivíduo. O desenvolvimento intelectual é um forte aliado do desportista que busca o sucesso; nesta dimensão a visão da necessidade e utilidade da prática esportiva, relacionando o envolvimento do treinamento físico com questões de ordem geral, as funções socializadoras, as funções compensadoras no esporte. Considerando que o reforço intelectual da motivação no esporte requer um determinado nível intelectual, é compreensível que este esforço possua uma maior importância entre pesquisadores da Psicologia do Esporte do que propriamente entre os esportistas ou dirigentes.
DE MARCO & JUNQUEIRA (1993) consideram que cabe observar que a motivação nos esportes é determinada, por um lado, pelas possibilidades específicas do esporte como campo de ação e de vivência, e por outro lado, pela influência dos aspectos motivacionais específicos da personalidade. Esse últimos ultrapassam de longe os limites do esporte.
Continuam dizendo que "as motivações dos atletas tem sido classificadas de diversas maneiras, incluindo desde as necessidades fisiológicas ou psicológicas básicas até a influência de fatores decorrentes da vida em sociedade. Além do mais, as motivações podem ser resultado da natureza intrínseca da tarefa ou do prêmio, tanto social como material.
Muitas correntes novas na pesquisa da motivação trazem informações úteis para técnicos e atletas, tais como as tentativas de analisar a motivação no esporte e o estudo dos processos cognitivos que formam as "estruturas" motivacionais nos indivíduos quando desempenham alguma atividade em situações que visam sucesso" (p. 89-90).
O papel mais importante desempenhado pelo técnico é o de motivador. Fazendo com que um treinador sensível esteja consciente das necessidades de seus atletas, este mesmo treinador deve conhecer uma grande variedade de técnicas motivacionais e achar a combinação ideal para resultados produtivos. As atitudes do treinador devem se ajustar a cada pessoa, pois os conceitos de incentivo e desempenho ótimo são subjetivos e particulares.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, L. P. 1989). Questões da Educação Física Permanente. Rio de Janeiro: EDUSRJ.
DE MARCO, A. & JUNQUEIRA, F. C. (1993). Diferentes tipos de influências sobre a motivação de crianças numa iniciação esportiva. IN PICCOLO, V. L. N. (org.), Educação Física Escolar: ser ou não ter? Campinas, SP: Editora da UNICAMP.
MACHADO, A. A. (1995). Importância da Motivação para o Movimento Humano. In Perspectivas Interdisciplinares em Educação Física. S.B.D.E.F..
MAGGIL, R. A. (1984). Aprendizagem motora. Conceitos e Aplicações. São Paulo: Editora Bles Cher.

Texto do Professor Fernando César Gouvêa
Professor de Educação Física e Mestre em Psicologia do Esporte.

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